Opinião

Muito ajuda quem não atrapalha

“As redes sociais dão o direito à palavra a uma legião de imbecis que antes falavam apenas em um bar sem prejudicar a coletividade”
Umberto Eco

Luiz Claudio Romanelli *

Ao contrário do que o inepto e tresloucado presidente Jair Bolsonaro afirmou, o Brasil não está quebrado. É evidente que estamos atravessando uma das maiores crises econômicas, sociais e sanitárias da história. É a tal da tempestade perfeita. E para azar (ou desespero) dos brasileiros, temos na cadeira do Palácio do Planalto o mais despreparado e desqualificado presidente da história do país. Isso para dizer, republicanamente, o mínimo.

A economia vem se fragilizando ao longo dos últimos anos, muito antes da pandemia, e trouxe o aumento do desemprego e da pobreza, e culminou com uma gestão federal inconsequente no controle da pandemia da covid-19 e na demora vergonhosa para vacinar a população. Isso tudo nos joga no meio desse furacão que causa estragos severos em todos os lares brasileiros.

“[…] o aumento do desemprego e da pobreza culminou com uma gestão federal inconsequente no controle da pandemia da covid-19 e na demora vergonhosa para vacinar a população. Isso tudo nos joga no meio desse furacão que causa estragos severos em todos os lares brasileiros”

Os desafios estão postos e são de conhecimento amplo e irrestrito, apesar dos arroubos do inquilino do Planalto. Por mais que existam grandes dificuldades nos caixas da União, dos Estados e dos Municípios, os governantes precisam priorizar investimentos públicos, gastar com eficiência e insistir nas políticas públicas para aquecer a economia.

E uma das saídas para o Brasil romper o ciclo de estagnação econômica e voltar a gerar empregos no pós-pandemia – ou mesmo durante ela porque ainda não sabemos quando vai acabar – é a execução de obras públicas de infraestrutura, habitação, mobilidade urbana, saúde, educação, meio ambiente, entre outras.

“[…] no Paraná, o governador Ratinho Junior vem ampliando os investimentos […]. O setor da construção civil foi declarado serviço essencial, o que permitiu a continuidade das obras, com a manutenção de empregos e proteção das empresas de pequeno e médio portes”

A Federação Nacional dos Engenheiros lançou, ainda no ano passado, uma campanha defendendo as obras públicas como indutoras da reativação da economia. A campanha concentrava o alerta na importância de retomar e concluir cerca de 14 mil projetos inacabados em todo o país.

Aqui no Paraná, além de não termos obras estaduais paradas, o governador Ratinho Junior vem ampliando os investimentos, mesmo durante a pandemia. O setor da construção civil foi declarado serviço essencial, o que permitiu a continuidade das obras, com a manutenção de empregos e proteção das empresas de pequeno e médio portes mesmo durante os momentos mais graves da pandemia.

Levantamento recente apontou que só em convênios da Secretaria de Desenvolvimento Urbano com municípios foram investidos cerca de R$ 2 bilhões em obras de diversos setores nos últimos dois anos. São investimentos públicos lá na ponta, contratados pelas próprias prefeituras que geram empregos diretos e indiretos, fazem circular o dinheiro na região e movimentam toda a economia local.

A parceria com Itaipu Binacional está permitindo a construção da tão sonhada segunda ponte ligando o Brasil ao Paraguai, entre outras obras estruturantes no Oeste e Noroeste do Paraná. Os portos paranaenses aceleraram os processos de modernização e alcançaram recordes de cargas em 2021.

“Os resultados dessa política já começam a aparecer. O Paraná registrou no ano passado alta no PIB e bons dados de emprego, exportações e produção industrial na comparação com outros Estados”

Além disso, somente o DER (Departamento de Estradas de Rodagem) aplica R$ 3 bilhões em estradas e rodovias de todas as regiões do Estado. Obras de pavimentação, recuperação, duplicação, construção, viadutos e pontes.

E para 2021, o orçamento aprovado pela Assembleia Legislativo prevê R$ 10,8 bilhões em investimentos. Desses, R$ 3,7 bilhões diretamente do Estado e R$ 3,4 bilhões de empresas públicas como Portos do Paraná, Sanepar e Copel. Há, ainda, mais R$ 3,7 bilhões em operações de crédito com a Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Banco Interamericano de Desenvolvimento.

Os resultados dessa política já começam a aparecer. O Paraná registrou no ano passado alta no Produto Interno Bruto (PIB) e bons dados de emprego, exportações e produção industrial na comparação com outros Estados. Os investimentos em obras públicas alavancam um ciclo virtuoso alicerçado na manutenção e criação de empregos, geração de renda para os trabalhadores e no retorno de impostos ao Estado.

O Governo do Paraná e os deputados estaduais e federais vêm trabalhando unidos para estimular e ampliar os investimentos criando as bases para o Estado seguir em frente, fortalecendo todas as regiões para superar esse momento difícil para o país.

* Luiz Claudio Romanelli é advogado e especialista em Gestão Urbana, deputado estadual, primeiro-secretário da Assembleia Legislativa e vice-presidente do PSB do Paraná

7 a 1 para pandemia

“A vida é como um jogo de futebol: cada lance pode definir sua trajetória”

Mikael Johnathan

Luiz Claudio Romanelli *

Brasileiro gosta de futebol. Aliás, o futebol movimenta milhões nos estádios pelo mundo afora. Em época de pandemia, infelizmente, não ir aos gramados para torcer por seu time é uma realidade que o coronavírus nos impõe.

O brasileiro esperou décadas para assistir a uma Copa do Mundo no Brasil. Em 2014, foi a nossa vez. O que seria orgulho para todos, virou vergonha pior que o macaranaço em 1950. Em 8 de julho, a seleção canarinho sofreu a sua maior derrota em uma Copa: 7 X 1 contra a Alemanha.

Muitas jogadas e esquema de jogo errados, e um registro na história que vai marcar gerações. Mas, o que isso tem a ver com a pandemia? Para ser sincero, nada! Mas vale uma analogia com o que vivemos em 2014 e o que estamos vivendo agora.

No gramado, as pessoas podem até sair tristes pela derrota. Mas, infelizmente, em tempos de pandemia do coronavírus, não será só a tristeza pelas jogadas erradas que ficam na lembrança dos brasileiros.

Faço essa comparação porque, lamentavelmente, o presidente Jair Bolsonaro tem insistido nos mesmos equívocos ou erros, escolhas, decisões e falta de seriedade no combate à pandemia.

Na semana que passou ficou nítido que a depender do atual presidente pouco importa se as pessoas ficarão desprotegidas e ao alcance mais fácil da “gripezinha”. Além de não ajudar na luta contra o vírus, ainda pode provocar uma derrota muito maior para milhares de brasileiros. Ao vetar 17 artigos da lei que determina a obrigatoriedade do uso de máscara de proteção em todo o País, Bolsonaro fez um verdadeiro gol contra, aumentando as chances de derrota na guerra para combater o avanço do coronavírus.

Governadores e prefeitos têm feito um esforço enorme para vencer a pandemia, mas o governo federal adota medidas distintas, sem nenhum critério científico e sem ouvir as autoridades sanitárias, baseado apenas em “achismos” ou alegando “perseguição política para derrubar o governo”.

É difícil acreditar que, enquanto líderes políticos de todo o mundo adotam as medidas de saneamento propostas pela OMS (Organização Mundial da Saúde), o Brasil com mais de 64 mil óbitos em decorrência do vírus, simplesmente segue na contramão.

Estamos vivendo uma crise sem precedentes. Algumas medidas duras, mas diante de triste de recorde, com o total em 212.326 casos da doença em 24 horas, entendemos a expressa necessidade delas.

“Felizmente, temos a lei estadual vigente. E mais que isso! Temos uma população consciente da importância do uso do artefato como proteção para evitar o contágio ou contaminar outras pessoas”

Algumas medidas são fáceis de adotar, refiro-me ao uso da máscara de proteção facial. Estudos comprovam a eficácia para quem usa. Uma lei importante que tornaria a proteção facial um artigo de uso obrigatório em todo território nacional foi quase que totalmente vetada pelo presidente. A proposta da lei busca garantir o mínimo de segurança às pessoas ao frequentar espaços públicos e em atividades essenciais, durante o período em que durar a pandemia.

Felizmente, temos a lei estadual vigente, a lei 20.189/2020 que exige o uso da máscara em espaços e ambientes coletivos, sob pena de multa. E mais que isso! Temos uma população consciente da importância do uso do artefato como proteção para evitar o contágio ou contaminar outras pessoas.

Considerar que a frequência a igrejas, templos e estabelecimentos comerciais sem o uso da máscara de proteção não vai facilitar a transmissão do coronavírus é uma estultice sem tamanho.

Para exemplificar tamanha insensatez é só lembrar que no dia 22 de março, o presidente fez uma live e disse que no Brasil o coronavírus teria o mesmo número de mortos do vírus H1N1, ou seja, 800 mortos. Já passamos de 64 mil, 125 vezes o previsto por sua excelência, e só estamos no início de julho.

Não somos contrários a abertura do comércio. Somos contrários a que pessoas utilizem esses espaços sem a devida proteção – e uma delas é máscara facial. O presidente não só vetou esse artigo, como também desconsiderou a necessidade de que empresas públicas ou privadas, estabelecimentos comerciais, templos e igrejas disponibilizem o álcool em gel 70% para seus clientes ou frequentadores.

“O presidente disse em março que no Brasil o coronavírus teria 800 mortos. Já passamos de 64 mil e só estamos no início de julho”

Apenas a suspensão desses dois itens, por si só, já seria suficiente para provocar o aumento vertiginoso do contágio como, por sinal, tem acontecido nos últimos dias. Sobretudo no interior, onde o índice de aumento já é muito maior que nas capitais.

Espero que o Congresso Nacional reveja os vetos do presidente e promulgue a lei conforme aprovada no Senado e na Câmara dos Deputados.

* O autor é advogado e especialista em gestão urbana, deputado estadual e vice-presidente do PSB do Paraná.
Ele escreve neste espaço semanalmente

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